Liga que eu te atendo

Celular, hoje em dia, é igual mulher: até pobre tem. Ele está ao alcance de todos. Uns dizem que não é possível viver sem. Já outros, como eu, insistem em não adquirir tão irritante aparato (o celular!). Todavia, sempre há aqueles mais fanáticos por modernidades, que vivem tentando me convencer a arrumar um e me cadastrar em alguma operadora.

Existem várias operadoras no mercado atualmente. Umas são grandes, outras médias e outras começaram agora. Qualquer um pode ser dono de operadora. Bastando dar uma lida no "Grande Manual do Usuário", decorar algumas coisas e começar a arrebatar clientes.

Como em toda livre concorrência que se preze, há um(a) líder de mercado: a operadora A. Os outros, acusam a operadora A de práticas abusivas, tentativa de monopólio, desrespeito ao cliente etc. A tal operadora líder se defende, alegando que, embora reconheça os erros, também fez muitas coisas boas para seus clientes, como, por exemplo, ter levado sua tecnologia a lugares distantes, mesmo que os clientes não quisessem. Houve um presidente dessa operadora que até pediu desculpas pelos erros das gestões anteriores. Aliás, os presidentes dessa operadora são meio excêntricos: só andam em carros blindados, vestem griffes famosas e adotam nomes megalomaníacos como Dr. Paulo II ou Sr. Benedito XVI.

Por ser a operadora mais antiga, detém a maior fatia do mercado. Sua história e sua fama são transmitidas hereditariamente. Àqueles que ousam criticar a qualidade do seu sinal, os poderosos acionistas ameaçam com um futuro de muito sofrimento, em um local muito quente, com gente mal-educada e, principalmente, sem antena de recepção. Nem Internet tem lá. É prudente não questionar.

O que resta às outras operadoras(B, C, D...), então? Promoções! Na tentativa de roubar conquistar os clientes da operadora A, elas se aproveitam do fato de a toda poderosa ter se acomodado, devido à sua grande vantagem, e fazem de tudo para conquistar novos adeptos. Embora sua tecnologia ainda seja um tanto quanto duvidosa, eles não fazem restrições quanto ao tipo de cliente, aceitando qualquer raça, cor, sexo e bandeira de cartão de crédito. Elas também capricham na publicidade. Vão buscar, até mesmo, os clientes com o nome sujo. A grande vantagem desse nicho é que esses clientes não estão familiarizados com os termos técnicos do manual e do contrato e acreditam em qualquer coisa que o vendedor, de terno engomadinho e frases feitas, diz.

Os planos também atendem à vários tipos de pessoas. Na modalidade assinatura, o cliente deposita, mensalmente, dez por cento do valor de seu salário na conta da operadora. A vantagem é que a assinatura é proporcional aos ganhos de cada um. A desvantagem é que, se não pagar, sinal cortado (e depois de um determinado tempo, linha cortada, e aí, meu amigo...). Na modalidade pré-pago, o cliente paga somente quando está no sufoco. A maioria prefere esta opção, mesmo a tarifa sendo mais cara. Obviamente, as operadoras não gostam muito desse tipo de cliente, pois eles só aparecem nas lojas quando o aparelho está com problemas. Uma vez resolvida a questão, demoram pra aparecer novamente, se é que aparecem, e nem se lembram de pagar a conta...

Por enquanto, não sou cliente de nenhuma delas, porque ainda não achei nenhuma que tenha o perfil adequado. Talvez, um dia, eu seja, se achar alguma operadora que me dê vantagens antes da vida útil do aparelho se esgotar.

Phernando Faglianostra está a procura de alguma operadora legal. Mas tem medo de demorar muito e seu aparelho queimar, pois ele não quer se encontrar com o Hitler, Mussolini, Mao-Tse-Tung... esse tipo de cliente. Entre em seu blog e o ajude a encontrar um sinal de qualidade.