quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tudo pra cair em saudade...

- Boa noite... é... desculpem o atraso... bem, por onde eu começo? (tempo...)
Ah tá, me apresento, né? Podemos começar de novo?
Lá vai:
Olá, boa noite!
Quem sou eu? Ai, perguntinha difícil... eu sou a Clara, que estará por aqui às quartas-feiras. Também sou filha de Terezinha e Sérgio, irmã de Alessandra, Diego e Rani. Ah, eu estudo Produção Cultural e sou namorada do André, o Joca. Se tudo der certo pego o diploma no final do ano que vem. Amo ler. Vou confessar que até pouco tempo tinha muita preguiça, sabe? Mas agora amo os textos acadêmicos! Deve ser porque encontrei algo que gosto de fazer, não é? Passei a gostar mais e ter menos preguiça de ler os romances, depois disso. Faço análise desde 2000. Não, não direto. Parei e voltei muitas vezes. E sempre com analistas diferentes! Há três anos estou com a mesma. Adorando! Fazer análise é formidável (tanto quanto a palavra formidável). Você devia experimentar! Bem, trabalho com Dulce Bressane em sua produtora, Bressane Conforti, mas que usa bastante o selo Companhia da Arca. Trabalhamos, por enquanto, com teatro infantil.
Ops, comecei a usar a primeira pessoa do plural, né? Melhor voltar a mim, primeira do singular.
Fui uma das primeiras a escrever por aqui, quando esse blog surgiu. Recebi um convite pra voltar e aceitei. Vamos ver no que vai dar.
Como nessa primeira semana não temos um tema sobre o qual escrever, opinar, criticar etc., fiquei em dúvida sobre o que falar. O tudo se torna nada nessas horas, espero que o nada se torne tudo. Espero também que você tenha lido até aqui. E que leia até o fim! Mas, de forma alguma, sinta-se obrigado(a). Sem cerimônias, por favor.
Estava indo trabalhar e, no caminho, li algo que me interessou. Vou dividir com você:
"- Não sei explicar, mas lá é como este café adocicado e quente. Minha mãe chegava a me abafar com tanto amor, preferia às vezes que me amasse menos. O velho disfarçando com carrancas, tios e tias estourando por todos os lados com os batalhões de primos. Aconchegos, festinhas. Lembro de todos, amo todos mas não tenho vontade de voltar. Isso é saudade? Foi um período que se encerrou. Aqui começou outro eagora vai começar um terceiro período e então fico com esses dois períodos para lembrar. Será saudade?
- Acho que sim. Quando noviça, eu pensava muito na minha gente. Sabia que não ia voltar mas continuava pensando com tanta força. Como quando se tira um vestido velho do baú, um vestidoque não é para usar, só para olhar. Só para ver como ele era. Depois a gente dobra de novo e guarda mas não cogita jogar fora ou dar. Acho que saudade é isso." (Lygia Fagundes Teles, em As Meninas)
O máximo, né?
Talvez tenha me identificado tanto por ser saudosista.
Sinto um enorme prazer em ler textos antigos, cartas, lembrar de coisas boas, cheiros bons, gostos...
Sei que o lugar do passado é no passado. Mas não por isso permito que ele deixe de fazer parte de mim.
Lygia me traduziu.
Hoje, no mesmo dia em que a li, volto a escrever aqui.
Mais que saudade, necessidade.
Estou de volta.

domingo, 19 de abril de 2009

Meu melhor do lado escuro

Esses dias estive conversando com um amigo sobre música. Há tempos não converso com alguém sobre tantas informações musicais, as lembranças do meu passado, de uma adolescência marcada pela música e recheada de mistérios.
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O medo da maldição dos 27 e do arrepio de ver clipes com conteúdo. Pessoas inteligentes pesquisam, conhecem autores, filmes inteligentes e realizam trabalhos magníficos, que primam pela qualidade e pela inteligencia dos seus ouvintes e espectadores.
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Na quarta-feira passada, cheguei na aula e a professora estava passando o filme "The Wizard of Oz". Na mesma hora, lembrei do dia que assisti ao mesmo filme com uma vitrola do lado e o som da tv no mudo. Quando entrei na sala, pensei: Coloca Pink Floyd aí, profe".
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É... ela colocou sem eu ao menos pedir.
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Dez anos se passaram desde a primeira vez que assisti aquele filme e o que eu senti foram os medos e as indagações que tinha naquele tempo.
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A conversa com meu amigo foi quase um desabafo de um desespero que carrego desde que saí da minha adolescência: o medo de nunca mais aparecer nada de bom na música. Acho que a última coisa surpreendente que pude ouvir desde então foi Nine Inch Nails em 2000. De lá pra cá, passaram 9 anos e agradeço àquela que me apresentou a banda.
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NIN me emociona muito.
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Mas o desespero persiste e não é só meu [ainda bem], pois muitos têm o mesmo sentimento de falência musical.
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Nada é novo. Tudo é o mesmo. O "mais do mesmo" que Renato Russo dizia. Nada incomum, tudo uma grande indústria de bonecos que falam frases iguais, que fazem batuques iguas - como se todos fossem iguais.
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Eu não sou igual!
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Vejo pessoas se gabando por um Myspace que todo mundo tem, por umas batidas, umas letras, uma mesmice! Sei que todos têm referências musicais. A minha aversão é daqueles que cantam e se vestem iguais.
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Gestos, voz, batidas, roupas, macacos? Colocou um piercing na orelha ou no nariz, pintou o cabelo de vermelho ou fez moicano agora é cantor de banda de rock?
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Sou muito pontual neste sentido, sou pouco ponderante. Nada me agrada, nada é novo, nada e nada!
Tenho saudade de um tempo que não vivi [infelizmente]. Que tentei viver, que vivi no meu mundo. Dos amigos que me lembro com esta música.
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Sou daquelas que gostam dos originais, dos criativos. Da ousadia. Da liberdade. Do oculto que se eterniza.
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Não existem músicas que te fazem pensar, que te fazem viajar para um mundo de impossíveis, que te surpreende, que causa arrepios, que te causa medo. Medo de escutar, de se apaixonar, de imaginar.
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Sou adepta à antiguidade.
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Espíritas dizem que tenho o espírito de um velho.
Outros dizem que nasci velha.