terça-feira, 31 de março de 2009

Crise Financeira = fim do mundo?

Não, não vou ficar explicando a crise, nem discutindo soluções, até porque este papo é muito chato. Economia é chato. Jornal Nacional é chato.

A crise é séria, eu sei, muitas empresas (bancos, inclusive) quebrando, pessoas endividadas, desempregadas, aterrorizadas, enfim, um inferno, mas o que eu me pergunto é o seguinte: todas as empresas que quebrarem neste momento vão colocar a culpa na crise?

Fico imaginando a Varig, a Vasp e/ou o Banco Santos quebrando hoje... como seriam as manchetes? Como seria o discurso do Jabor?

Olha, trabalho com prestação de serviços para pessoas físicas e jurídicas. Visito muitas empresas e, às vezes, fico um certo período trabalhando dentro delas, o suficiente pra ver como elas funcionam, como estão organizadas e como são mal administradas.

Certamente você, se já não passou por isso, conhece alguém que já foi dispensado de uma empresa por ser "bom demais para o emprego". Que tipo de empresa dispensa um empregado por ele ser bom? Devo ser um péssimo profissional para manter meu emprego?

Claro que o motivo real não é esse. É a velha política de morder e assoprar depois. "Tô te mandando embora mas, ó, você é bom, tá? Sua estrela vai brilhar! Merece um lugar melhor! Vai com Deus e me liga. Nada pessoal, ok?". Simples corte de gastos. Ameaça de crise? Manda embora! Nem pense duas vezes.

Aliás, 5 anos estudando economia e a única solução que doutores encontram em momentos ruins é demissão em massa?

Na hora de contratar, fazem errado. Escolhem quem aceita ganhar menos e se humilhar mais. Que se danem a formação e a experiência. Currículos só com pretensão salarial e foto. Não querem um bom profissional; querem formar uma boy band. Pegam o auxiliar de assistente de ajudante de serviços gerais e botam lá pra fazer a entrevista com os candidatos, pagando de psicólogo. Dinâmicas de grupo onde os candidatos se vestem bem pra brincar de "galinha choca" numa sala com pessoas desconhecidas. Carnaval de clichês.

Uma vez dentro de uma empresa, onde deveriam estimular a cooperação e a união, estimulam a competição. A falsidade rola solta. Todos querendo aparecer, querendo se mostrar mais úteis que o infeliz da bancada da frente, do lado, sei lá.

Sem falar na má distribuição de empregados na empresa. Você é contratado pra fazer uma coisa e acaba sendo reaproveitado pra fazer outras, de preferência, que não tenham nada a ver com a sua área. O caso do tal auxiliar de ajudante que vira psicólogo, só pra economizar. É difícil imaginar em que tudo isso vai dar?

Então, não dá pra ter uma idéia real da crise assistindo ao casal das 8. Eu não sei até que ponto a instabilidade e a alta do dólar afetam a indústria e o comércio (em 2002 chegou a bater R$ 3,79, você lembra? não, né?), ou se a quebradeira é simplesmente o efeito do vento e da maré sobre esses castelos de areia que vemos por aí. Essa crise pegou os investidores, empresários e economistas de surpresa mesmo, como diz o rapaz munito do jornal, ou estavam todos acomodados e mal acostumados com o errado que dava certo até então?

Não sei. Talvez eu tenha escrito um monte de besteiras. Talvez não.

A crise é desse tamanho todo mesmo ou grande parte é sensacionalismo? Reflitam, pensem, chorem, arrotem; só não xinguem mamãe aí nos comentários.

Phernando Faglianostra também escreve besteiras sem graça no Bagulho Digital.