sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Punir ou recuperar?

Que uma coisa fique bem clara: considero dois casos totalmente diferentes, o do cara que é preso por furtar arroz do supermercado e o do cara que mata, a sangue frio, uma criança pra levar 50 reais e manter sua fama de mau.

No caso do primeiro, ou ele faz isso ou ele morre. Pura lei da sobrevivência. A raposa não se alimenta da lebre porque ela é má e insensível. É porque, na floresta, até onde eu sei, não existe nenhuma churrascaria a kilo, e mesmo se existisse, não seria permitida a entrada de animais. Portanto, ou ela destroça o adorável bichinho, ou ela e seus filhotes é que padecem de fome.

Agora, quanto ao cara que mata, propositadamente, inocentes pra roubar, é bem diferente. Todos nós somos humanos e temos ambições como melhorar de emprego, de casa, de carro, de roupas, viajar e outras coisas que só podemos fazer com o bendito faz-me-rir. Para realizar essas coisas, alguns se esforçam mais, outros se sacrificam menos, mas todos sabemos que existe um protocolo que diz que jamais devemos prejudicar outras pessoas para chegar lá.

Acontece que certas pessoas acham que a vida não tem regras e querem tudo de maneira rápida, fácil e indolor. Alguns não estudam porque "não têm saco" e vivem colando pra se dar bem. Outros não trabalham porque não querem "se estressar" ou "passar vergonha" pra ganhar mixaria.

Você provavelmente sabe como é a vida de um presidiário, das condições, das revoltas, dos esquemas e tudo mais dentro da prisão, já que tem todo dia em tudo quanto é jornal. Também sabe como é a vida de ex-presidiário, das dificuldades de arrumar trabalho, do tratamento das pessoas etc. Então, se você resolve pegar um trezoitão e passar alguém pra ganhar uma grana, você sabe muito bem que pode ser preso e ter que dividir uma cela, que foi projetada para 15 pessoas, com outros 60 ou 70 camaradas. Você sabe que pode acabar sem cabeça em uma das rebeliões, se não tiver padrinho lá dentro. Sabe que, se for bonitinho, vai virar a noivinha da cela e sabe que se não pagar o arrego dos homi, vai passar necessidade. Se mesmo assim você resolve seguir adiante, acontece o chamado risco calculado. Portanto, nem adianta exigir melhores condições, queimar colchões e se fazer de coitadinho, pois você sabia que era assim. E nem adianta dizer que não teve escolha e que a vida é cruel e blablablá, porque vender bala ou catar latinha/papelão pra vender não denigre a imagem de ninguém, ou denigre?

Dito isso, minha opinião é que:

1) A única e verdadeira sacanagem do sistema carcerário vigente é misturar ladrão de galinha (que nem precisa ser recuperado, basta dar um prato de comida) com sequestrador e traficante (que mata velhinho pra manter a fama de mau). O cara vai preso pra ser punido. Se fosse pra ser reeducado, ele teria que ir pra escola.

2) Concordo que as cadeias estão superlotadas e que as condições são precárias, mas se não fosse tanta gente querendo fazer as coisas do modo mais fácil, se não fosse tanto malandro, não precisariam amontoar 60 pessoas em celas de 10m², já que aquilo lá não é colônia de férias nem SPA.

3) Todos têm direito à recuperação e a uma segunda chance. Todos. Então, respondam: alguém teria coragem de deixar os caras que mataram o João Hélio levar algum filho, sobrinho ou parente, de carro pra escola? Ou teriam coragem de deixar algum estuprador, já com a pena cumprida, tomar conta de alguma filha pequena?

4) Estou falando sobre pessoas das classes A, B, C, X, Y ou Z. Seja PPP que mora na favela e assalta pra poder tirar onda depois ou o playboy que estuda Dieito na PUC, tá a fim de curtir uma aventura e saber como é ser temido. Alías, qualquer dia falo dessa raça. Teve até um post da Ju.

Podem discordar, mas comentários de pessoas que já tiveram uma arma apontada pra sua cabeça terão peso 2, se é que alguém vai comentar...

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Só pra ser mais chato e voltar ao assunto da semana passada, você que está lendo este texto e é advogado/jornalista/publicitário/arquiteto/administrador/programador ou outra profissão qualquer que tenha demorado, no mínimo, 4 anos pra aprender, me manda um e-mail quando algum "trabalho" seu tiver destaque em algum site internacional.

Phernando Faglianostra escreve, só às vezes, aqui, mas em compensação, quase nunca, .

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mudanças

Alguns acreditam que a dificuldade a qual encontramos quando tentamos nos adaptar a mudanças em nossas vidas pode ser explicada pela Psicanálise, através do conceito de inconsciente. Por isso, muitas vezes, demoramos a aceitar um novo hábito devido aos “ antigos conceitos” impressos no nosso inconsciente.

Dificuldades como essa se apresentam em vários aspectos da vida. Um deles, o qual pode ser considerado o mais preocupante, é o problema do aquecimento global. Em seu filme “Uma verdade inconveniente”, Al Gore aborda esse assunto, apontando dados verídicos e chocantes a fim de mobilizar a população mundial. O político diz que temos de tentar mudar nosso comportamento para que possamos salvar as gerações futuras. Simples medidas como fechar a torneira enquanto se escova os dentes, apagar a luz do cômodo vazio,não lavar a calçada com a mangueira, ajudariam muito para a resolução do problema. Porém, essa mudança de hábito é muito mais difícil do que se pensa.



A manifestação do nosso inconsciente atrapalha a tomada de certas medidas.



Gostaria da opinião de vocês sobre esse assunto. Beijos!