Uma Aprendizagem ou o post dos Prazeres

Dona Marinette é um exemplo: 74 anos e um pique de dar inveja!

Perdeu a mãe aos 9 anos, foi criada por tios e, mais tarde, por uma madrasta (não boa-drasta, má mesmo) a quem seu pai, homem bom e humilde, acatava as ordens - bem, até aqui parece história de Branca de Neve ou coisa que o valha, mas acreditem, é a verdade. Por conta dos acontecimentos, teve que parar de estudar, embora um de seus sonhos fosse dar aulas. Aos 24 se casou e teve a primeira filha, minha mãe, aos 25. Cinco anos mais tarde, meu tio, Sérgio (já que apresentei os dois como tio e mãe, agora vou usar os termos "avó", "avô", ...).

Meu avô, homem um pouco... rude(!), mas de bom coração, achava que seus filhos não deveriam ter mais do que o segundo grau, não via necessidade de tirarem carteira de habilitação... e outros diversos pensamentos que, se não houvesse uma Dona Marinette costurando e guardando suas economias em uma poupança para ajudar os filhos (nem preciso comentar que a contra gosto do marido, né?), não os deixariam ser quem são hoje em dia.

Quando meu avô morreu, há 17 anos, parece que ficou a solidão. Os primeiros anos não foram nada fáceis, afinal foram décadas de casamento, companheirismo... e muito amor.
Em um Natal, ao ganhar um tecladinho de presente do meu tio, resolveu se dedicar à música , que era outro de seus sonhos (tocar piano, mais especificamente). Hoje toca teclado, piano, violão e ainda arranha na panderola. Acorda cedo, faz ginástica, vai à igreja e não dispensa uma festinha... tem uma vida muito saudável e uma cabeça muito melhor do que a de muita gente que conheço.

Basta apenas uma hora de conversa com ela e me dou conta do quanto sou feliz por tê-la como avó, pois é um eterno aprendizado ouvir as histórias e ver seu sucesso e felicidade.