sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sonhos

Dorme neném
Que a sede não vem
A sede de crescer
E dessa vida sobreviver
Dorme
Enquanto tua mãe trabalha
E te deixa queimar
Enquanto o fogo se espalha
Dorme para não perceber
Que o teu maior erro, foi nascer
Dorme criança
Pois que no teu sono
Da fome não se tem lembrança
Dorme
Para que possa sonhar
E a esta vida
Um sentido dar
E uma mensagem levar
Criança, esperança!
Espere que um dia poderás ser criança
Dorme para descansar
Depois que teve que mendigar
E talvez,
A Cinderela venha te visitar
Dorme cara
Porque tu não sabes ler
Porque saiu da escola
Sem ao menos seu nome escrever
Dorme irmão
Que amanhã é dia de vender para poder lucrar
E fazer viajar
Uma realidade que faz desesperar
Dorme piranha
Que a noite é uma criança
Que você nunca vai ser
Dorme que você não vê
O seu corpo você vender
Dorme que o sono cura
Aquela maldita dor que dura
Dorme, mas não dorme muito não
Porque você vai ter que levantar desse chão
Chão frio que é dividido
Por muitos animais perdidos
E levanta para a realidade
Porque tu, grande
Vai ter que viver na maldade
E soca o teu desconhecido
Porque ele não conhece seu perigo
Dorme nessa escuridão
Dorme como cadáver no chão
Dorme nesta selva
Onde os bichos caçam a noite
Dorme para não caçar
Dorme para não ser caçado
Dorme para nunca mais acordar

Sei que a poesia é grande, mas precisava falar... Isso resume tudo o que nós somos obrigados a ver e conviver (e alguns até viver) durante nossa existência.
** Por Nathália Marsal

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando eu li, lembrei de uma cena que eu já vi de verdade e que se repetiu num filme brasileiro que sofre pelo preconceito [o filme é o dos Camargo 2 filhos de Francisco].

Dormir para passar a fome, dormir para esquecer, dormir pra tanta coisa...

pablo disse...

saludos desde México.....bonito poema de verdad me encanto. mucho talento.... dígame donde puedo leer mas de su obra.....