Rio - Seis pessoas morreram — entre elas uma criança de 3 anos — durante confronto ontem entre policiais militares e traficantes da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte. O menino Wesley Damião da Silva Saturnino Barreto foi atingido por três tiros no início da noite, quando andava em uma rua da comunidade com sua mãe. Na operação, outras duas pessoas foram baleadas e quatro, presas.
Funciona assim:
A polícia escolhe uma favela comunidade qualquer do Rio de Janeiro, igual àqueles desenhos onde o boneco gira o globo e pára o dedo em algum ponto qualquer. Só que no caso, deve ser um mapa do Rio em uma parede e algum soldado atira um dardo sobre o mesmo. O local onde o dardo furar, será o lugar da operação.
Tudo acertado com a (riso contido) Inteligência da Corporação, a galerinha da pesada parte para viver as mais loucas aventuras e aprontar as maiores confusões.
Só que, antes da "caravana policial" sair, algum membro de tão ilibada corporação se dá ao trabalho de passar um grambel dar um telefonema para avisar ao CEO da boca de fumo da comunidade alvo, a fim de que este possa escafeder-se a tempo e preservar o comando do poder paralelo. Ficam para trás apenas a molecada os soldados-rasos, estes, encarregados de trocar tiros com a polícia.
A polícia chega. Parece ano novo. O som dos disparos confunde-se com os sons dos morteiros acesos que anunciam o início da brincadeira.
Tiro pra todo lado. Quem estiver no meio do caminho, que procure tirar os órgãos vitais da reta (qual delas?). A reportagem chega ao local pouco tempo depois e os papa-defuntos começam a comemorar mais um aquecimento do mercado.
Algumas horinhas depois, a operação termina. Tirando alguns silvas mortos e os buracos de bala na escola da comunidade (que vão ficar feios na foto do jornal), o saldo foi considerado bom pelo capitão da operação: foram apreendidas 8 garruchas, 5 tacos de baseball, um 38 artesanal, meia dúzia de ovos podres, alguns CDs de funk, alguns baseadinhos enrolados em papel de pão e 138 Kg de cocaína, ou seria sal de frutas Eno? Tanto faz... depois volta tudo pro morro mesmo, revendido pelos próprios policiais, assim que a poeira baixar.
Pra poder amenizar a dor dos parentes dos cidadão genéricos, estes, deletados durante a operação, o próprio comandante da polícia vêm a público prestar esclarecimentos:
- Olha só galera, foi mal mesmo, desculpa aí, viu? Mas é que a polícia está adotando uma tática de enfrentamento direto aos traficantes e isso, inevitável e infelizmente, gera baixas. Algumas desejadas, outras não...
- Mas, Sr. Comandante, agora que a polícia ocupou o morro, derrubou muro de proteção, arrancou barreiras e assustou alguns bandidos de lá, não seria prudente manter uma base permanente lá dentro, para evitar que os mesmos bandidos voltem, amanhã mesmo, e levantem tudo de novo e assim gerem confrontos futuros que, fatalmente, resultarão em mais vítimas?
- Olha, eu até conversei isso com o Governandor, mas nós decidimos que os policiais não podem ficar lá agora, pois nós temos poucos homens no regimento, o carnaval tá aí e falta pouco tempo pra gente arrumar os detalhes do Bloco dos Milicos e da Unidos do Tiroteio Aleatório... vocês sabem, carnaval é coisa séria!
E os incomodados que se mudem...
Phernando Faglianostra escreve às quintas, quando dá, e precisa urgentemente aprender a desviar de balas em câmera lenta, igual aos personagens de Matrix. Após comentar, entre em seu blog e... e... ah, sei lá! Entra lá e vê.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Cidade Maravilha Mutante
Escrito por Blogueiros S.A. às 00:59:00
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5 comentários:
será que é tudo Eno?
"a galerinha da pesada parte para viver as mais loucas aventuras e aprontar as maiores confusões."
Mas não sem antes fazer uso indevido de "sal de frutas ENO" né?
Bjs.!
A tendência é piorar!
Por isso, quem sabe, Dona Ju ralará peito dessa baderna em um breve daqui três anos!!
Se Deus quiser!
> Mas o pior é que parece mesmo - operações escolhidas por sorteio... rsrsrsrs
To com azia...vou tomar um Eno !!!
E a Tropa de Elite nessas horas??? Where???
Muito bem Sr. Faglianostra, bela crítica. Como anda o Méier? As praias continuam impróprias para banho?
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