quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A voz do povo...

Betinho era o ídolo do povo. Onde quer que estivesse, era acompanhado e idolatrado por milhares de pessoas. Um verdadeiro fenômeno. Pessoas tão sofridas, que precisavam de um herói, carnal, mortal, mas em quem pudessem espelhar-se, por quem pudessem suspirar. E Betinho era exatmanete isso: a encarnação da esperança. O fato de um filho legítimo da plebe se tornar um dos principais assuntos de jornais e revistas enchia de sonhos as cabeças daquelas criaturas.

A imprensa insistia em rotulá-lo como sendo o príncipe da massa popular. Dizia que Betinho era tratado como artista, mas sem, no entanto, dominar qualquer tipo de arte, sem qualquer talento. Como não? Um poder de mobilização tão grande não era pra qualquer um. Somente aqueles, irradiados pelo Supremo, poderiam possuir tamanho domínio sobre o povo. Decerto, um ótimo candidato para futuras eleições. Vivia assediado por partidos políticos, tanto da situação como da oposição. Mas sempre esquivava-se, pois queria evitar as polêmicas geradas pela escolha deste ou daquele segmento. Betinho era do povo. Betinho fora enviado por Deus, como diziam seus fãs, para alegrar e melhorar o mundo.

Atacava a Elite como ninguém. Não tinha pudores. "Não possuo rabo preso com ninguém, senhores!", dizia Paulo Roberto, enquanto seus seguidores eram acometidos por uma intensa euforia, que os fazia gritar, chorar, rir, enfim... os fazia orgulhosos. Orgulhosos por um deles, um zé-ninguém, conseguir chegar tão longe. Isso os fazia pensar que, se Betinho pudera, todos poderiam. O céu era o limite.

A classe dominante não o via, exatamente, como um inimigo. Mesmo bradando contra as injustiças do sistema, não era nocivo àqueles nobres senhores. Banqueiros, políticos e mega-empresários viam em Paulo Roberto, um grande orador e possivelmente um futuro aliado em suas pretensões obscusas de continuarem controlando a nação. Era questão de tempo, pois, como bem sabe-se, todos têm seu preço. Enquanto isso, Betinho continuaria dando o ar de sua graça em shows, programas de TV, jornais, revistas e internet. Sempre lutando pelos mais fracos. Sempre defendendo a classe menos favorecida.

Pop Star era pouco. Alguns igualavam-no a Che Guevara, com uma vantagem: Betinho estava vivo. Vivo, aliás, era o adjetivo mais indicado para caracterizar Paulo Roberto. Camisas com estampa de sua face, CDs, livros, Vídeos. Uma indústria erguera-se sob seu nome. Já era conhecido internacionalmente. Os mais exaltados exigiam sua indicação para o próximo prêmio Nobel. "Não é pra tanto, meus queridos, ainda não sou digno", dizia, demonstrando toda sua humildade.

Ao final de cada dia, sentia-se exausto, porém a missão estava cumprida. Mais irmãos alimentavam-se de esperanças através das sábias e calculadas palavras de Paulo Roberto. Como qualquer mortal que se preze, ao final da batalha, precisava descansar e recuperar suas forças. Fora enviado por Deus, mas também era filho Dele. Justificava assim, seus momentos de diversão pessoal.

Seu motorista o aguardava à porta de cada evento, ao volante da Audi A8 prata, que sempre o levava onde fazia-se necessário.

- Senhor, há uma movimentação intensa de populares. Eles querem cumprimentá-lo pessoalmente. Estão logo ali na frente. Devemos ir ao encontro deles?

- Tá louco César? Você vai pagar o reparo dos arranhões na lataria depois? Fora que dá pra sentir o futum daqui! Essa gente não sabe se comportar! Já esqueceu do mês passado, quando quase rasgaram meu paletó Versace novinho, na porta da Globo? Toca meia volta e vai pelo outro caminho.

É, amigos, Paulo Roberto é do povo. Paulo Roberto é gente que faz... dinheiro.

Phernando Faglianostra se filiou ao PSTU e produz, com a ajuda do Paint e do Word 95, suas próprias camisetas para a campanha para a Prefeitura do RJ.

3 comentários:

Marcelo disse...

eu vou me filir ao PCB, já até comprei minha camisa do Che na C&A

Unknown disse...

um dia serei Betinho...rs

Juliana Farias disse...

bom.. eu prefiro ficar quieta..

hj tô meio sem ação... rsrsrsrs