quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Protestos populares

Em busca de inspiração para escrever o texto de hoje, li outros, em vários blogs, e percebi que muitas pessoas utilizam letras de música e/ou poesias, que traduzem integralmente os sentimentos que os blogueiros querem expressar. O problema é que percebi uma coisa muito elitizada. Coisas como Legião Urbana, Toquinho, Ary Barroso, Cartola, Tom (o compositor, não o gato), Fernando Pessoa, Chico Buarque e etcétera. Senti falta de um apelo mais popular. Algo que a grande massa pudesse compreender melhor. Então, resolvi postar a letra de um grande sucesso de nosso tempo: Libera o Tonho.

Quando analisamos friamente a letra, percebemos que, diferentemente do que muitos pensam, não se trata de um forró-trocadilho com conotações sexuais, e sim de um autêntico desabafo de um popular, relatando uma situação com a qual já estamos bastante acostumados. Com o intuito de nos sensibilizar, ele compôs esta poesia pop com letras e rimas pobres, a fim de provocar uma maior penetração (sem trocadilhos, já falei) na grande população. Vamos à letra:

Sequestraram o Tonho, sequestraram o Tonho, o Tonho é meu amigo,

É um absurdo! Esta é a triste situação pela qual passam os milhões de cidadãos das cidades grandes no Brasil. Nós, nossos amigos e parentes saímos para trabalhar ou nos divertir e não sabemos se voltamos pra casa ou não. Lastimável. Cadê as otoridade?! Cadê o Steven Seagal quando a gente precisa dele?!

Eu vou pagar resgate, eu vou pagar resgate do meu Tonho querido,

Veja bem: para poder libertar o seu tão querido amigo, o pobre diabo, que deve ter, no máximo, 6 pares de dentes na boca e assistir João Inácio Show, se propõe a pagar o resgate aos maléficos sequestradores. Demonstrando total desprendimento aos seus pertences, ele se habilita a vender seu Pager Motorola novinho, seu chapéu de palha e o Pão de Açúcar. Este último, comprado na Rodoviária, assim que chegou ao Rio de Janeiro, de um gentil rapaz chamado Jackson Michael.

Eu não quero polícia pelo meio, que os homem é pirigoso

É fato inegável que a polícia nunca esteve tão desacreditada quanto hoje. A população prefere fazer justiça com as próprias mãos a chamá-la. Também pudera: todos os dias, há uma avalanche de notícias sobre policiais corruptos, soldados do exército desertores e políticos ladrões. Até o Jack Bauer foi preso porque estava dirigindo bêbado. Vai que o pobre retirante chama a polícia e os mesmos estão envolvidos? Quem garante?

E se matar o Tonho e se matar o toim não vou comer gostoso

Garotinho, ex-governador do Rio de Janeiro, fez greve de fome. Eis que nosso herói resolve seguir os passos de nosso ex-govenante, atual pastor, para protestar contra o possível fim prematuro da vida de seu amigo querido por parte dos marginais. Sim, meus queridos... Nesse momento, o cantor desta melodia demonstra a fraqueza, que já toma conta de sua alma, ante sua impotência em lidar com um assunto, o qual, nem mesmo nossas autoridades são capazes de resolver. Afinal, nosso amigo aí não apresenta nenhum programa famoso de TV e nem usa relógios caros...

Refrão (repetido 4 vezes)
Libera o Tonho que eu te dou dez conto

Como último recurso, o triste rapaz tenta, desesperadamente, oferecer tudo o que tem: dez conto (moeda corrente na época do Império, pra você ver como ele estava desatualizado...) e este solene poema, devidamente musicalizado e compartilhado com vocês, para que possamos ter, imortalizadas em nossas mentes e nas de nossos descendentes, todo o sofrimento pelo qual nosso aprendiz de Genival Lacerda passou durante o sequestro de seu companheiro.

Não tenho pudor nenhum em admitir que me derramo em lágrimas toda vez que meus vizinhos põe esta canção para tocar. Agora, não ouço mais pop-rock e nem MPB, apenas forró. Infelizmente, não tenho como dizer a vocês se o sequestro acabou bem ou mal. Só tenho como dizer uma coisa: minha vida nunca mais será a mesma. Viva o Arribasaia!

Phernando Faglianostra é blogueiro e jura tua mãe mor-ti-nha que, se pudesse, escreveria este lixo na Folha de São Paulo. Como não é famoso, ele se contenta com um blog. Visite, ria, chore e voe...

5 comentários:

Juliana Farias disse...

acho que vc devia denunciar seus vizinhos...


** O carro do meu pai se chama tonho por causa dessa música... que lindo!

Unknown disse...

daria uma boa letra de rap, lembrou-se até Mano Brown quando mataram seu irmão (e dele).
bj

Marcelo disse...

eu nunca vou esquecer da musika q tocava na feira dos paraibas : o vizinho ta de olho no meu cu....elhino

Unknown disse...

Kkkkkkk.......
Quando escrevi aquele post sobre o meu vizinho, ainda não tinha lido este seu.
É um consolo saber que outros sofrem do mesmo mal!
kkkkkk...
Bjs.!

Anônimo disse...

Só errou no que diz respeito ao Cartola. Cartola era um cara de origem de pobre, foi criado no morro da Mangueira, sempre foi pobre e morreu pobre, mesmo com tanto sucesso. De elite o Cartola não tem nada, ele sempre foi pobre. Cartola nunca foi música de elite, nunca.