domingo, 22 de julho de 2007

No avião

avatar Eu estava embarcando no avião quando participei do seguinte diálogo com outros passageiros (o sistema tinha caído e passou a valer o acento livre):

Passageiro 1: Estão todos sem lugar marcado, né? Até os que fizeram check in antes e estão com número do acento na passagem, certo?
Eu: Sim, o atendente falou que está liberado; é por ordem de chegada. Espero que não dê confusão. Até quando o acento tá marcado as pessoas arrumam um jeito de reclamar de alguma coisa.
Pass. 2: É que todas querem sentar no corredor.
Eu: Eu sempre reservo na janela! - comentei surpresa.
Pass. 2: Quantas vezes você já pegou avião? - perguntou com ar de entendido no assunto.
Eu: Poucas.
Pass. 2: Então ainda é novidade. Depois da segunda ou terceira vez, você já pede logo para ficar no corredor porque ao pousar você sai do avião mais rápido.
Pass. 1: Sei como é. Acho que só sentei na janela até descobrir que eu podia pedir pra sentar no corredor.
Pass. 2: Acho que me sentei na janela apenas na primeira vez.

Eu não falei mais nada. Falar o quê? Que ao sentar no corredor os outros lhe pedem para pegar suas bagagens? Que você tem que se levantar sempre que o passageiro da janela quiser ir ao banheiro? Que você não pode fechar a janela se o sol estiver apontando bem para os seus olhos? Ou que sentar no corredor irá lhe poupar apenas uns dois minutos no máximo? Nada disso importa! O que eles perdem sentando no corredor é muito mais que isso!

Eu já peguei avião algumas vezes na minha vida e só sentei no corredor até descobrir que eu podia reservar acento na janela, isto é, uma vez. Na penúltima vez, o sol já estava baixo, eu estava com frio e fiquei olhando aquela luz amarela queimar a asa do avião. Parecia estar gostoso lá fora. Estávamos muito alto e com certeza estaria congelando, o ar rarefeito, o vento muito forte, enfim. De qualquer forma fiquei lá me imaginando deitada naquela asa com o calor do sol aquecendo meu rosto, com nuvens cruzando meu corpo de tempos em tempos e observando a paisagem sem a moldura da janela. O calor na pele estava delicioso e o vento não estava tão forte assim.

Mais tarde o sol foi se pondo e assisti inebriada aos vários estágios em que a luz ía desaparecendo por trás das nuvens, pintando a faixa limite entre elas abaixo e o céu acima de vários tons de azul-claro ao vermelho-alaranjado. Então começamos a descer e o horizonte formado pelas nuvens ficou lá em cima e um novo horizonte se formou na linha da Terra. Assisti a um novo pôr-do-sol, a novas cores e a uma nova paisagem. Você já teve a oportunidade de presenciar dois... qual o plural de pôr-do-sol? Sempre li no singular.

Cada vez que pego o avião descubro uma paisagem diferente.
Quando olho pela janela, sinto-me um pouco mais próxima de Deus.
Sinto-me tão pequena diante de Deus.
Sinto-me Deus.

Quando pegarem um avião, mesmo que pela enésima vez, sentem-se na janela e procurem olhar o mundo com a perspectiva de uma criança que ainda se encanta pelo simples fato de estar viva.

** por Cris Bispo

7 comentários:

Anônimo disse...

É,realmente...
Nós temos que aprender a olhar com atenção as coisas belas do mundo...
Abraços
Belas palavras

Juliana Farias disse...

EU TB... EM TDS AS VEZES FUI NA JANELA... E QM ME CONHECE SABE QUE EU AMO VER PAISAGEM... QUE SE EU ESTIVER EM QLQR LUGAR QUE DÊ UMA VISTA EU ESTAREI LÁ... OLHANDO...

NO CÉU É A MESMA COISA.. MAS NÃO HÁ NADA MAIS BONITO QUE O POR-DO-SOL LÁ DE CIMA...

LINDO!

horácio disse...

prefiro o corredor, odeio andar de avião então é mais fácil pra sair e pra ir ao banheiro em eventualidades :p

Flá Romani... disse...

Eu tenho medo de avião, nem olho na janela :(

bjs linda ;)

César Schuler disse...

Uma pessoa tem que ser muito insensível para preferir o corredor!^^

Felipe disse...

Tenho mó medo de avião apesar de nunca ter andado =X

Flá Romani... disse...

Passei por aqui pra desejar uma boa semana ;)