sexta-feira, 22 de junho de 2007

Sou burra e admito

Bem, eu adoro filosofia e uma vez conversando e discutindo, alguém começou a discursar sobre as pessoas que se acham inteligentes. Gostei muito do que a pessoa falou, mas não quero ser acusada de plágio. Portanto convidei-o a escrever um texto comigo. A discussão começou com os três pensadores mais conhecidos no campo de filosofia, biologia e economia:
Existiram apenas três pessoas inteligentes no mundo. Sócrates, Darwin e Marx. E vale a pena ser taxativo, sem dar margem a outros charlatões que marcaram, mas não formaram a história.
Sócrates, quando procurado por ser a pessoa mais sábia de Atenas, disse a famosa, ou nem tão famosa frase: “Tudo o que sei é que nada sei”. Com algumas palavras o filósofo chegou mais longe na busca por conhecimento que qualquer outro humano. Ao desenvolver tanto a sua reflexão, percebeu que a sua sabedoria é tão válida quanto a ausência dela, e que, na verdade, por mais que aparente ser sábio, nunca alcançou nenhuma verdade pura e inquestionável. O mais próximo que o homem pode chegar da inteligência é admitir que não há inteligência, ou se há, ainda não pode ser alcançada por um ser humano.
Darwin, por sua vez não era filósofo nem tão pouco sábio, segundo dizem as más línguas. Mas a sua contribuição para a ciência é inquestionável. Sua principal teoria, a da Seleção Natural, pode ser observada em todas as áreas de conhecimento e prática, humanas e não-humanas. Tudo que existe, existe apenas porque possui características que favoreceram a sua existência em determinado meio.
Não desceu? Ora, existiam girafas de pescoço curto e longo (quem não lembra desse exemplo?), as girafas de pescoço longo permaneceram graças a essa característica que lhes favorecia no meio em que viviam, enquanto as outras desapareceram. Aplique isso no nosso vocabulário, por exemplo. Existiam palavras longas e complicadas, com mais de seis sílabas e pronúncia dolorosa. Quando surgem palavras simples e de fácil pronúncia, elas favorecem uma comunicação rápida e eficaz, extremamente exigida por um meio dinâmico como a sociedade contemporânea. É por isso que usamos palavras como “preliminar” ou “inicial”, em vez de “propedêutica” (exceto pelos estudantes idiotas de Direito).
Por último, e talvez menos importante, temos Marx, seu Manifesto e sua incrível capacidade de construir argumentos chatos, impossíveis de questionar quando se usa a razão ou o senso comum. Podemos e talvez devamos, questionar suas idéias, suas vontades, mas se algum dia você ver Marx do outro lado da rua, não puxe papo, porque mesmo que não haja debate, ele vai vencer. Parece brincadeira, mas algumas pessoas entraram para a história apenas por terem sido massacradas pelo pensador num debate público. Seu Manifesto é impenetrável, e apesar de não apresentar propostas muito brilhantes, derruba praticamente todas as idéias e instituições capitalistas e tentar discordar não é tarefa fácil. Felizmente ou não, o capitalismo não é formado de idéias e apesar do ataque de Marx, permanece com todos e mais alguns problemas descritos pelo comunista.
Agora, se você deseja ser uma pessoa inteligente, comece admitindo que você não sabe nada, mas que não vale a pena ignorar as evidências aparentes que o mundo oferece, afinal é tudo que temos.
Depois, perceba algo que ninguém percebeu, pense em algo que ninguém pensou. Se apaixone e desenvolva sua idéia. Pesquise e procure até que se sinta seguro de que está certa.
Por fim, discuta com todos que quiserem ouvir, principalmente você mesmo, e se você for bem sucedido, será por dois motivos: suas idéias são incríveis! ou você tem uma ótima retórica, assim como Marx. E me liga depois de um tempo pr’a gente bater um papo.

Colaboração de Bruno Silva (estudante de Direito e meu curinga!)

aPor Nathália Marsal

3 comentários:

Juninho Coração de Leão disse...

Eu desejo ser uma pessoa inteligente. Tá,eu admito! Não sei nada. E desse nada,já é um insignificante saber diante de tal imensidão de conhecimento.
Perceber o que ninguém percebeu é complicado,pois acho que isso depende muito do fator sorte...E se apaixonar por uma idéia é,sem sombra de dúvida,a ignição da pesquisa,afinal,quando estamos apaixonados não esgotamos nossas forças na dura e,muitas das vezes incompreendidas,busca pela afirmação de nossas idéias...

Anônimo disse...

Imensidão de conhecimento...

Concordo. Porém do que adianta essa imensidão se ela é tão limitada??
Não sei se fui compreendida, mas limitada muitas vezes pelo financeiro, pelo poder, pela falta dele, pela avareza, pelo capitalismo.

É fascinante sim, essa possibilidade, embora ela seja embargada muitas vezes pelas opções que citei acima.

Unknown disse...

Maninha tenho orgulho de vc!!!