quinta-feira, 18 de junho de 2009

Querem acabar com o Jornalismo...



A partir de agora não é mais necessário o diploma de jornalismo para se exercer a profissão. Foi homologada ontem pelo STF (Supremo Tribunal Fanfarrão) o recurso Extraordinário RE 511961, interposto pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo.

Esse infame julgamento deu fim a uma conquista de 40 anos do jornalismo e da sociedade em geral. Por incrível que pareça, foi durante a ditadura militar em 1969 que o o diploma passou a ser obrigatório para exercer o jornalismo.

O próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, foi o relator do recurso. Em seu discurso ele cometeu a asneira de comparar a profissão de jornalista com a de culinária e de corte e costura (das quais não é exigido o diploma, mas na minha opinião deveria ser). Dos outros 9 ministros, 7 seguiram o voto do relator e apenas o ministro Marco Aurélio foi sensato e votou a favor da manutenção do diploma. Todos que votaram a favor justificaram que a exigência do diploma de jornalista limita a liberdade de expressão, que segundo a Constituição é para todos.

Quando eu soube que o recurso foi pedido pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, logo vi a real intenção por trás desse discurso escroto sobre a liberdade de expressão. Sem a obrigação do diploma, as empresas vão poder pagar menos do que a mixaria que pagam atualmente, uma vez que o profissional estará menos qualificado. Ou seja, se você estagiário (que nesse caso deve ser extinto) ou jornalista formado, já ganhava pouco e trabalhava muito, agora você vai continuar trabalhando muito, vai ganhar menos ainda e pode ser substituído por alguem formado em economia, educação física, direito e etc...

Essa medida teve o apoio do STF simplesmente por que vai desqualificar e assim enfraquecer aqueles que mais investigam e descobrem os podres da política brasileira. Depois do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), relator do processo aberto no Conselho de Ética contra o deputado Edmar Moreira (aquele que construiu um castelo em Minas Gerais) afirmar que não está se lixando para a opinião pública, não é de se espantar que a corja política brasileira esteja apoiando esse absurdo.

De certo as Faculdades de Jornalismo não serão extintas, mas muita gente não vai querer passar 4 anos ou mais estudando e pagando (no caso das particulares) para no final competir com alguém que seja formado em outro curso ou pior, recém formado no ensino médio. O nível das redações cairá drasticamente, podendo colocar em dúvida a credibilidade jornalística.

Quero deixar bem claro que não sou contra pessoas formadas em outras áreas serem também jornalistas para escreverem sobre suas especialidades. Mas para isso, considero que a melhor opção seria a criação de uma pós-graduação em jornalismo ou algo parecido. O que não pode acontecer é alguém que não tem o mínimo de preparo competir no mercado de trabalho com nós estudantes e jornalistas formados.

Tá certo então pessoal!!!

Até a próxima!

4 comentários:

Clara disse...

André, entendo seus argumentos. No entanto, acho que a questão da super-valorização do diploma deve ser discutida, sim.

Acredito que o momento seja de desconstrução de uma cultura que valoriza mais o diploma do que o conhecimento em si.

Felizmente, a discussão teve início com uma carreira de humanas, que preza pela formação de pensadores e críticos.

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Obs.: Ju e demais futuros e já jornalistas, não me matem por isso! rs

Renan Barreto disse...

Olha, eu sou estudante de comunicação também, mas em momento algum pensei em parar. A notícia só me deu gás para lutar pelo o que é meu por mérito. Estudar 4 anos na universiade e correr atrás de estágios para unir a teoria com o saber empírico é algo complicado, mas gratificante. Achei sim, que a categoria foi rebaixada (o Gilmar Mendes comparou o jornalista a cozinheiros e costureiras. Não que sejam profissões não dignas, mas não precisam de nível superior mesmo. É uma comparação que não tem parâmetros certos). Essa medida foi pra proteger quem estava na profissão, mas só poderia continuar se tivesse o diploma. Isso não é abrir o mercado é esculhambar o profissional. Os advogados, médicos, garis que queiram escrever vão ser chamados para dar opiniões como especilistas e se quiserem dar uma de jornalistas que estudem mais dois anos fzendo uma pós em jornlismo. Não acho justo a não obrigatoriedade do diploma.

ano que vem haverá uma debandada imensa de alunos de comunicação, acredito que até mesmo em agosto isso possa acontecer porque eles têm medo do futuro. Não é pra menos. Num mercado que já era competitivo, agora vai estar mais ainda. afinal, se sou alfabetizado, sou jornalista. Não precisa ter diploma, não é? Retrocesso total sem dúvida.

Uma atitude como essa só pode ser tomada envolvendo a sociedade INTEIRA e não meia dúzia de ministros.

para o pessoal de outras vertentes da comunicação não sofrerem que fizessem leis específicas para poderem exercer a profissão, agora liberar geral... Não desanimo porque sempre digo JORNALISTA EM FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO. Somos mais do que isso, o negócio é mostrar a indignação, afinal um jornalista bom nunca pode perder a capacidade de se indignar.

Abraços, valeu!

http://melhoropiniao.blogspot.com

Juliana Farias disse...

Eu acredito que nenhuma empresa de comunicação, jornais e revistas e afins, que preza pela boa informação e não quer se queimar, vai contratar um profissional que não saiba o que espera-se que ele saiba (com maestria).

Isso já acontece, minha gente!

Drauzio Varella, Mirian Leitão, José Wilker, Paulo Coelho e tantos outros escrevem em jornais, apresentam matérias na tv e não deixam de ser importantes os trabalhos que desenvolvem. Inclusive, ganham prêmios.

O que eu fiquei indignada foi com a falta de critério e o abuso de poder exercido pelo ministro. Uma pessoa como essa, que possui tantas manchas no passado e nunca fez nada pelo povo brasileiro, só para ele e para o padrinho FHC, não pode ser ministro. Só é ministro por causa de acordos políticos que o Lula fez com o PSDB, pois se não fosse isso, não teriamos um ser tão desqualificado e digno de receber o adjetivo de RETRATO DO QUE É MAIS PODRE NO BRASIL.

Eu acho que gilmar mendes vai pro Inferno , porque se depender de mim e de todos os jornalistas ele já está!

Jhon william disse...

Bom, eu acho que a super valorização, do diploma é algo indiscutivel, ora, as pessoas fazem faculdade anos,alguns trabalham,e estudam dão um duro danado para conciliar, trabalho faculdade,familia, amigos etc...

É UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA...

acho,injusto,qualquer amador, ser um jornalista...

mas no fundo no fundo...
acho que não muda muita coisa,
as empresas,jornais,tv,etc
obviamente vão preferir alguem qualificado,para atuar nessa profissão!